Ao contrário do que alguns pensam as desavenças já vem de anos
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, todos os olhares do mundo se voltaram para aquela região, mas ao contrário do que muitos imaginam, esse conflito não se iniciou no último mês de novembro, quando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou o deslocamento de soldados para a fronteira entre os dois países. A questão envolve cicatrizes deixadas ainda pelo período pós-Guerra Mundial.
A Ucrânia fazia parte da extinta União Soviética, mas declarou independência em 21 de agosto de 1991. O país era tratado como uma região chave da antiga nação socialista por ser a segunda região mais populosa e por concentrar grande parte do setor agrícola, industrial e de aparatos militares. Porém, o conflito passa pelo interesse da Ucrânia em se aliar à OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar que nos últimos anos anexou países que faziam parte da extinta União Soviética e que atualmente conta com 30 membros.
Putin afirma que a anexação da Ucrânia e da Geórgia à OTAN é uma ameaça à Rússia, pois o leste do país é considerado o ponto mais vulnerável do ponto de vista militar. A OTAN agregou a Estônia, Letônia e Lituânia para a aliança militar em 2004, o que já havia irritado os líderes russos.
Em 2014 Donetsk e Lugansk, províncias de Donbass, que também são próximos da Rússia devido a presença de grande parte da população de etnia russa, declararam independência da Ucrânia.
Os anos se passaram e a situação parecia controlada até que os debates envolvendo a entrada da Ucrânia na OTAN voltaram a ganhar força com a eleição de Zelenski, atual presidente da Ucrânia, que também é bastante próximo dos Estados Unidos e da Europa.
Desde novembro de 2021 os russos passaram a aumentar as tropas na região de fronteira com a Ucrânia com o discurso, na época, de que os soldados posicionados estavam apenas fazendo exercícios militares. Nos últimos dias os movimentos passaram a ficar mais agressivos e calculados e na última segunda-feira, 21 de fevereiro, Putin informou que reconheceu Donetsk e Lugansk como países independentes após a solicitação pública dos líderes de ambas. Esse reconhecimento foi visto como uma violação flagrante do direito internacional, segundo a União Europeia, e um primeiro passo para justificar uma invasão. O passo seguinte foi Putin dizer que enviaria tropas “em missão de paz” para garantir a segurança das duas áreas.
A comunidade internacional começou a reagir com uma série de sanções à Rússia, no entanto, Putin não recuou. Após quatro meses de intensa negociação o presidente russo optou por invadir a Ucrânia na madrugada do dia 24 de fevereiro, bombardeando diversas cidades, declarando estar “protegendo a população Donbass”.
No momento as delegações de Rússia e Ucrânia têm encontro marcado em Belarus para iniciar as negociações de cessar-fogo, porém, com os ataques, o governo ucraniano declarou que 352 civis já foram mortos, incluindo 14 crianças.
Foto: Reuters.