Pesquisadores do Paraná identificam nova espécie de abelha com propriedades únicas de produção de celofane
Descoberta abre novas perspectivas para a biotecnologia e conservação da biodiversidade na região
Pesquisadores do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), em Guarapuava, no Paraná, revelaram uma descoberta surpreendente: uma nova espécie de abelha pertencente ao gênero Mourecotelles. Esses insetos solitários, comum entre 85% das espécies de abelhas, chamam a atenção pela singularidade de produzir uma substância impermeável semelhante ao celofane.
A líder da pesquisa, professora Maria Luisa Tunes Buschini, explica que as abelhas foram apelidadas de "celofane" devido à sua capacidade única dentro da subfamília Colletinae. Elas revestem as células dos ninhos onde depositam pólen e néctar com essa substância especial.
A descoberta ocorreu no Parque Municipal das Araucárias após seis anos de intensa pesquisa e captura das abelhas através de ninhos-armadilha. O processo de identificação da nova espécie contou com a colaboração de taxonomistas especializados em abelhas, que, utilizando chaves de identificação e análise da terminália dos machos, confirmaram a classificação como pertencente ao gênero Mourecotelles.
Além da taxonomia, a pesquisa também se dedicou ao estudo dos hábitos alimentares das abelhas, revelando que elas preferem pólens de nove famílias botânicas diferentes, com destaque para Fabaceae (leguminosas como ervilha, grão de bico e amendoim) e Polygalaceae (plantas herbáceas).
A descoberta não apenas enriquece o conhecimento científico sobre a diversidade das abelhas no Brasil, mas também abre novas perspectivas para a biotecnologia e para estratégias de conservação da biodiversidade na região.