Como sabemos o homem nasce pertencente à espécie humana, mas irá se humanizar a partir das relações sociais que lhes serão oportunizadas no decorrer de sua existência. Relações estas compostas por seres da mesma espécie. Compreendemos que, potencialmente, todos os homens, independente de suas condições, apresentam as capacidades necessárias para aprender e se desenvolver, porém ao nascer possuem apenas a aptidão para adquirir aptidões. O homem é o único animal que possui objetivamente condições de aprender e de se desenvolver conscientemente como membro do gênero humano. O que irá definir a qualidade desses processos serão as condições objetivas de existência às quais ele estará submetido no decorrer de sua vida. No caso da criança, a figura do adulto e a convivência entre seus pares a impulsionará a um nível de desenvolvimento mais elevado. No entanto, é importante que ao estudarmos os processos de desenvolvimento e aprendizagem humana devemos compreender o homem inserido num determinado contexto social e considerarmos sua historicidade. Ou seja, ao buscar entender o processo de humanização, não podemos fazê-lo sem levarmos em conta o meio social e cultural que o sujeito encontra-se inserido, bem como, sem analisar as mudanças sociais ocorridas no decorrer da história.
Historicamente e através da atividade vital do trabalho, o homem, com vistas a prover os meios necessários à sua subsistência, apropriou-se da natureza e, num processo de objetivação, produziu as ferramentas e/ou instrumentos capazes de melhorar sua sobrevivência. O processo de apropriação da natureza deu-se a partir do momento em que, através do trabalho, utilizou-se de determinados objetos da natureza e os transformou em instrumentos capazes de modificar a existência humana. Esse processo de transformação trouxe ao homem a possibilidade de, mediante uma ação consciente, passar das funções psicológicas elementares as quais trouxe no momento do seu nascimento, como por exemplo, chorar para conseguir a comida ou a bebida é um ato espontâneo, representando assim, uma função elementar. Depois ao desenvolvimento das funções psicológicas superiores, tais como: uso da memória, do pensamento, do raciocínio, da linguagem, entre outras. Assim, para se humanizar e, consequentemente, aprender e se desenvolver, necessita aprimorar suas funções psicológicas superiores, com vistas a desenvolver seu psiquismo como um todo.
A partir da necessidade de se comunicar, o homem deu um salto qualitativo no desenvolvimento da vida em sociedade na medida em que criou um dos signos mais relevantes: a linguagem. Por meio da linguagem, historicamente, desenvolveu um significativo sistema de comunicação com seus pares, o qual facilitou consideravelmente a socialização da cultura e a apropriação de conhecimentos, desde a infância até a idade adulta.
Portanto, pode-se dizer que o homem é parte da natureza, com necessidades de sobrevivência semelhantes aos animais, porém se faz necessário reconhecer e/ou identificar o que o torna humano e o que o diferencia dos animais. A humanização ocorre na medida em que, vivendo em sociedade, de maneira coletiva e consciente, cria as necessidades. Necessidades essas que são sociais e que, para satisfazê-las, por meio do trabalho produz ferramentas cada vez mais elaboradas. Nesse sentido, o trabalho é um processo que liga o homem à natureza, é o processo de ação do homem sobre a natureza e que o diferencia dos animais. Tanto o trabalho como a linguagem são vistos como fatores imprescindíveis ao desenvolvimento social da humanidade.
Professora Dra Elisabeth Rossetto/UNIOESTE