Transparência é um dos VALORES que muitas empresas definem para o seu referencial estratégico, junto com a missão e a visão. Acreditamos que ser transparente é fazer uso da sinceridade, não enganar os outros e agir às claras na execução de nossas funções. Mas ser transparente permite imaginar algo além desse pragmatismo de assertividade.
Não seria também o caso de ter coragem para se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente...? Ser transparente não poderia significar desnudar a alma, deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar...?
A bem da verdade, a maioria de nós decide por não correr riscos, preferindo a dureza da razão em detrimento da leveza que poderia expor toda a fragilidade humana. Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do fundo de nosso ser. Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas à simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo!Por incrível que parece, por mais doloroso que seja, vamos construindo máscaras que nos distanciam cada vez mais de quem realmente somos. É a falsa construção de uma imagem que nos dê a sensação de proteção.
E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos. Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e descontaminado. Os anos vão se passando e nos fechamos cada vez mais numa redoma de vidro escura, fria, de lamentações, tristezas, onde choramos baixinho antes de dormir.
Oh mundo cruel que nos ensinou que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar. Não! Na verdade o que está em crise é o nosso mundo interior. Nós recebemos do mundo exterior o que plantamos nele; ele é o espelho de nós mesmos. Nós que abandonamos a essência do nosso coração onde a Divindade colocou suas sementes de carinho, compaixão, discernimento, calma, serenidade, perdão, alegrias e tantas outras virtudes que insistimos em negligenciar para nos defendermos sabe-se lá do que!
Se queremos de fato transparência é hora de explodir em doçura, tão abundante em nossa infância! É hora de não prender o choro, de não conter a gargalhada, de não esconder tanto o nosso medo e, acima de tudo, é hora de não parecer tão invencível!
Que tal admitirmos para nossa vida mais leveza, uma sintonia mais elevada de energias, uma qualidade melhor de pensamentos e atitudes que tenham a ver mais com nossa verdade. Sejamos honestos e transparentes com nós mesmos, por primeiro. Não nos apressemos em mostrar o que não somos. Estou convencido que, assim, o andar em sua estrada será muito mais suave.
Boa semana à todo(a)s!
Jair Benke é Economista, escritor, especialista em políticas públicas ,
planejamento municipal, palestrante e colunista no site www.click3.com.br