Você já reparou o quanto somos dependentes da aprovação das pessoas? Mesmo depois de adultos, casados, com filhos, profissionalmente independentes, em muitos aspectos de nossa vida, ficamos esperando reações boas das pessoas. Por vezes, uma necessidade quase insana de ter o ego massageado.
Dentro de um nível normal, esta espera por recompensa, carinho, aceitação e elogios é natural, porque precisamos de feedback das pessoas. Queremos saber se estamos no caminho certo, se no trabalho estamos cumprindo nossas metas, se na relação íntima estamos agradando nosso parceiro ou parceira, se estamos sendo bons pais, ou bons filhos... É saudável levar em conta a opinião das pessoas a nosso respeito, porque a harmonia na convivência é um maravilhoso alicerce para as boas conquistas da vida e esta harmonia depende da troca entre as pessoas. Uma hora é você que ajuda, estende a mão, ouve o amigo, cuida de alguém, e quando você precisa, naturalmente cultivando bons relacionamentos, alguém irá cuidar de você.
Mas ainda que estejamos cultivando bons laços de amizade e relacionamentos, não podemos ficar o tempo todo reféns da opinião alheia. Desenvolver a personalidade para nós mesmos significa nos oferecermos amor, impulso para as mudanças, carinho, entendimento. Cuidar dos outros é importante, olhar o entorno em busca de referências é positivo. Mas tão importante quanto, é olhar para dentro de si, e em igual proporção, pois se ficamos o tempo todo cuidando dos outros, numa falsa doação de amor, quase sempre deixamos de lado coisas que são importantes. Digo falsa doação porque, em alguns casos, doarse demais esconde uma falta de amor próprio. E a falta desse amor próprio leva a um sentimento de vazio, solidão, quando mesmo na presença de pessoas, você parece estar só, incompleto. Sempre é bom lembrar que fazer bem aos outros exige que primeiramente você esteja bem, de verdade, não aparentemente.
Se não nos bastamos teremos uma séria tendências de brigar para falar sobre o que sentimos. E pior, adquirimos um mau hábito de exigir reconhecimentos não espontâneos das pessoas. É a necessidade de uma aprovação para atenuar a culpa de sabermos que não estamos bem conosco mesmos. Isso vai criando uma energia sufocante que pouco nos ajuda e sacrifica aos que estão no nosso entorno, redundando num vício comportamental altamente danoso.
Precisamos descobrir quem somos para nos relacionar de forma mais saudável com as pessoas. Se por acaso você está assim dependente da opinião alheia, cuidado, pode ser que se continuar assim você se machuque. Olhar para si mesmo, ver o que sente, e se colocar nas relações é a única forma de crescer e se libertar. Antes que a tristeza vire um hábito e você desenvolva um estado depressivo, invista em si mesmo. Cuidar da vida espiritual ajuda muito, sem dogmas religiosos destoados do discernimento. Encontre o entendimento que reproduza paz no seu íntimo. Amor por si mesmo é o caminho que te trará novos olhos de ver a vida, deixando de ser tão importante como os outros te vejam. Sua vida e seu trabalho ficarão muito mais leves.
Boa semana à todo(a)s !
Jair Benke é Economista, escritor, especialista em políticas públicas ,
planejamento municipal, palestrante e colunista no site www.click3.com.br