"É um sonho realizado". Foi assim que Olidoria Ramon Siqueira, que é de Corbélia, descreveu a sensação de andar em cima da cadeira de rodas novinha. Foram nove anos até descobrir que existia um lugar bem pertinho de onde ela mora que entregava cadeiras de rodas de graça. E ela tem motivos mesmo para vibrar! Agora, vai poder ser um pouco mais independente. "Eu tinha uma cadeira pesada, não conseguia andar para lugar nenhum sem a ajuda do meu marido", desabafa.
Ela ainda saiu do Centro de Reabilitação Física, que fica no Campus de Cascavel, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, a Unioeste, com uma cadeira de rodas para banho e um andador.
O Centro de Reabilitação Física, o CRF, é um dos serviço credenciado pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Por isso, pode fazer a entrega de cadeiras de rodas à população sem custo algum.
E como esse serviço ajuda! A aposentada Oracilda Almeida Vedoy precisa de cuidados especiais. Depois de um Acidente Vascular Cerebral, um AVC, ela nunca mais saiu da cama. A filha, Iloni Vedoy, que cuida dela se emociona ao ver a mãe sentada em uma cadeira. "Agora ela vai poder sair do quarto, olhar a rua, ter uma vida um pouco melhor", vibra Iloni.
Uma cadeira como a dela, por exemplo, que é especial para tetraplégico, custa mil cento e setenta reais, valor custeado pelo SUS.
O coordenador do CRF, Dorisvaldo Rodrigues, conta que em 2014, foram entregues 764 cadeiras de todos os tipos. Destas, 116 eram motorizadas. "A Unioeste passou a oferecer a cadeira motorizada em 2012", diz o coordenador. Só para se ter uma ideia, uma cadeira como essa não sai por menos de oito mil reais na loja. Porém, o SUS adquire a mesma por quase cinco mil reais, que é o valor licitado pela Unioeste para atender o Centro.
Mas e como chegar até esse serviço? Dorisvaldo explica que para conseguir a cadeira ou qualquer outro procedimento credenciado ao CRF, o paciente deve ser encaminhado até o Centro por um prestador de serviço do SUS. "Ele chega com uma guia de referência com a prescrição de um meio de locomoção, que pode ser cadeiras de rodas, andador, muletas e ect. Depois disso, passa por um atendimento com o médico ortopedista. Então, passa por uma triagem, em que se faz avaliação com uma equipe composta por vários profissionais. Após isso, é agendada e realizada a medida e o pedido é encaminhado para a indústria que fabrica a cadeira. O processo dura em torno de 45 dias", explica.
São vários tipos de cadeiras (rodas padrão, de banho, de banho com aro de propulsão, para tetraplégico, para obeso, carrinho dobrável, monobloco e a motorizada) que atendem as necessidades das pessoas que precisam do serviço. E o Dorisvaldo, que já está há uma década na instituição, acredita que o serviço é muito importante. "Das políticas públicas que o estado implementa, esse é um dos serviços essenciais para a população. A pessoa que chega até aqui ganha muito. Ela ganha independência e qualidade de vida. Sem contar que é uma forma de você ver os impostos que a população paga sendo devolvido a ela", avalia o coordenador.
O Centro de Reabilitação Física atende a 33 municípios da região. O serviço existe há pouco mais de 10 anos. Neste ano, 639 cadeiras de todos os tipos já foram entregues.
Textos e Fotos: Regina Kunzler