Quem passou pelo prédio de Ciências do Campus de Cascavel da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), no espaço conhecido como "caracol" se deparou com uma novidade. O local, antes cinza, agora ganhou cor. E que colorido ousado! Dois artistas de rua, de Cascavel, passaram dois dias trabalhando nas paredes do prédio.
Eduardo José Scorteganha Filho, o Du2, de 22 anos, é um artista com obras conhecidas na cidade. Ele grafitou o painel maior. A imagem traz um cientista e vários objetos relacionados aos laboratórios. "Ele é um cientista com a terceira visão, que enxerga além", traduz Du2. Para ele, o espaço dentro de uma das principais instituições de ensino da cidade é muito importante. "Aqui é minha voz dizendo alguma coisa dentro de um lugar cheio de mentes pensantes", diz o artista.
Já o grafiteiro Felipe Stocker, conhecido como "O Ruaz", de 27 anos, assinou a outra imagem. Ele, que está há 11 anos nessa carreira, diz que se inspirou em elementos da própria instituição para realizar a obra. "O grafite é como se fosse uma voz de quem não é ouvido, por isso que escrevi a palavra ruas. É um pedaço da cultura de rua dentro de um lugar em que as pessoas vão poder interpretar de várias formas", justifica.
E teve gente que aprovou o trabalho. Allan Fernandes, de 25 anos, é professor de educação física e acha muito interessante ver o grafite dentro da Unioeste. "É uma vitória da arte de rua. Olha onde conseguiu chegar. Eu vejo que essa parte artística tem a ver com o universitário", disse Allan.
A ideia partiu da direção geral do Campus, que trabalha na revitalização dos espaços da Universidade. Mas por que o grafite? Quem responde é a Assessora de Planejamento e Convênios, Carmem Battisti. "O diretor, Alexandre Weber, é uma pessoa que incentiva e apoia novas ideias desde que beneficiem a comunidade acadêmica. E, nós queríamos dar espaço para artistas locais e ainda melhorar o aspecto daquele local, que está meio sem vida", diz Carmem.
A obra é um pontapé inicial para que outros espaços possam ser utilizados por artistas locais. A instituição precisa e também apoia o desenvolvimento da cultura e das artes.
Texto:Regina Kunzler
Foto: Juliana Gregozewski