Vivemos num mundo de correias e competição, onde como nos diz o ditado “quem pode mais chora menos”. Neste mundo de competição onde o mais importante do que o ser é o poder, somente somos capazes de “doar” se atrás desta tiver o fato de ganharmos e em dobro. Vivemos num mundo onde o doar somente será possível se obtivermos algo em troca. Esta é lógica do mundo moderno, a lógica da competição e lógica do mundo em que vivemos. Jesus, neste prisma, anda na contramão da história e nos ensina que o mais importante que receber é o dar e quanto mais doamos, mais recebemos. O primeiro livro dos Reis, de uma maneira particular o profeta Elias(1 Rs 17,10-16)., assim como também o evangelho de Marcos (Mc 12,38-44) nos coloca a figura de duas viúvas, símbolo da fragilidade, da carência e da exclusão humana, que não pensam somente em si, mas no outro e por colocar o outro em primeiro lugar recebem de Deus a sua Justa recompensa. A viúva de Sarépta oferece tudo o que tem e Deus abençoa a sua generosidade proporcionando-lhe alimento necessário para ela e para o filho, durante todo o tempo da seca em que estava submetida à terra em que habitava. Deus não abandona quem dá com alegria. A generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas pelo contrário, são geradoras de vida. O Livro dos Salmos (Sl 146) nos convida a confiar no Deus da vida, que ampara a viúva e o órfão e confunde o caminho dos opressores. No evangelho de Marcos, vemos o Exemplo de outra viúva. Jesus senta-se perto da caixa de esmolas no templo e observa:
- De um lado, uma pobre viúva, oferece discretamente duas moedinhas;
- Do outro, gente importante dá solenemente grandes quantias...Jesus censura o gesto dos fariseus e louva a generosidade da viúva. A oferta da viúva era pequena, mas era tudo o que ela tinha. Deus não calcula a quantia que damos, mas o amor com que damos. Duas viúvas, simples e humildes, revelam a grandiosidade dos pequenos gestos. Toda oferta que brota do coração tem valor incalculável aos olhos de Deus. A hospitalidade da primeira é compensada pelo milagre de Elias e a humilde generosidade da segunda merece de Jesus um grande elogio. Se Jesus viesse hoje em nossa igreja, o que ele enxergaria? Mas eu tenho a certeza, que muitas pessoas humildes, silenciosas, muito ocupadas, oferecem à comunidade um serviço semelhante à oferta da viúva: oferecem com sacrifício tudo o que podem. E Deus não se deixa vencer em generosidade e lhes concede muitas e muitas graças. E se Jesus olhasse as nossas OFERTAS, o que teria a dizer? Na Bíblia, encontramos com frequência uma verdade: Deus, embora criador de todo o universo, sempre quer e exige ofertas da parte dos homens. Assim já nas primeiras páginas da Bíblia, encontramos os homens oferecendo em sacrifício as primícias de seus trabalhos, como homenagem de gratidão a Deus. Encontramos: Abel e Caim oferecendo um sacrifício a Deus. (Gn. 4). Deus aceitou o de Abel e rejeitou o de Caim... O Dizimo jamais deve ser um pagamento. Mas sim uma devolução a Deus de parte do que ele nos dá, um uma verdadeira oferta e não apenas uma esmola insignificante... Devemos realizar esta devolução de coração, pois Deus retribui a cada um segundo o seu coração, esta retribuição depende não do valor numérico, mas sim do valor do sacrifício, pois não quer o supérfluo e sim a generosidade e quanto maior o sacrifício tenha a certeza de que será maior a retribuição divina. Por isso cada um de seguindo o seu coração. A Escritura nos garante: "Deus ama a quem dá com alegria". (2Cor 9,7)
Pe. Antonio Carlos Gerolomo também é colunista do site www.click3.com.br