O número de pessoas que se inscreveram em processos seletivos para formação de oficiais do Exército Brasileiro no Paraná e Santa Catarina aumentou 1400% entre os anos de 2016 e 2018. Segundo o general Aléssio Oliveira da Silva, comandante da 5ª Região Militar (PR-SC), em 2017 foram 7 mil inscritos e no ano seguinte, 15 mil.
“O aumento da procura se deve também à divulgação. Tivemos aumento de 1400% na procura por diversas seleções nossas dos oficiais. Ao divulgar nas mídias sociais, a informação chega hoje com mais facilidade, informação é o que não falta. A gente crê que esse aumento da divulgação é o grande chamariz”, afirma o comandante.
O serviço militar obrigatório no Paraná segue tendência de crescimento e deve registrar índice histórico em 2019. Entre 7.800 selecionados para servir no Paraná e Santa Catarina (5ª Região Militar) no ano passado, 82% disseram durante o alistamento que queriam servir. No ano anterior, quando havia mais vagas (8.015), eram 79% os que manifestavam interesse. Eles se alistaram em 2016 e 2017 para servir no ano seguinte, respectivamente.
Para servir em 2019, somente o Paraná alistou um total de 91.217 jovens para concorrer à previsão de 8 mil vagas. Desses, 57.368 se alistaram em “municípios tributados”, que são considerados pelo Estado-Maior das Forças Armadas contribuintes à convocação para o Serviço Militar inicial. Os demais, geralmente de cidades pequenas, não chegam a passar para a segunda fase, quando há uma entrevista seletiva. O índice de manifestação de interesse em 2019 é feito somente após a incorporação, marcada para 1º de março.
Atribui-se à onda que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército, o surgimento de uma nova geração de entusiastas das forças armadas, que não se via em evidência desde a ditadura militar (1964/85). “O Exército Brasileiro conta com 81% de aprovação, credibilidade e confiança da população brasileira, isso em pesquisa com metodologia científica. Isso já demonstra que independentemente de as pessoas desejarem fazer”, diz o general Aléssio.
Outros fatores, como crise econômica, também podem ter influência na escolha dos jovens que veem no serviço militar uma oportunidade de emprego. “O que para nós é uma vocação, é um chamado, para muito gente é um emprego. Não há o menor problema. Pode fazer muito bem o seu trabalho”, diz o general. “Quando abrimos o edital não há sequer um número de vagas específico. Não sabemos geralmente quantas vagas haverá e mesmo assim a busca é grande.
O tenente-coronel Luiz Henrique Martenetz, do Serviço Militar da 5ª Região, diz que não pode afirmar se há influência de uma nova onda cultural na tendência de aumento no interesse. “Não há uma análise sobre isso. Mas são mais garotos querendo (integrar as forças armadas) do que vagas. Isso já vinha acontecendo há mais de 5 ou 6 anos”, disse. Segundo Martenetz, as informações oficiais se tornaram mais acessíveis e derrubam mitos sobre o serviço.
“Podemos atribuir isso à ampliação das informações nas mídias sociais. Antigamente se falava muitas coisas sobre o que acontecia no serviço militar, mas que não era verdade. Agora temos uma uma divulgação das três forças. O alistamento online também é um dos fatores”, afirma.
Recém-convocado, o jovem João Pedro Machiavelli Silva, 18, aguarda o dia 1º de março para começar seu serviço militar como soldado no Quartel General do Pinheirinho, em Curitiba. Para ele, a imagem das Forças Armadas ainda é distorcida para alguns jovens. “Algumas pessoas veem a valorização do Exercito Brasileiro nos últimos anos, mas outras não e ainda pensam que (o serviço de soldado) é só carpir e lavar banheiro. (Durante o alistamento), depois (na segunda etapa), alguns diziam que queriam servir, mas a maioria não”, diz.
Fonte: Bem Paraná