Hoje vos convido a refletir sobre a questão da cegueira, não a cegueira física, mas sim a sim a moral, intelectual, psíquica que nos afasta do verdadeiro caminho da vida. Nos momentos de trevas em nossa vida, a Palavra de Deus é sempre uma Luz, que ilumina a nossa caminhada na fé. Jeremias anuncia um sinal de Deus, é um apelo à esperança para o povo sofrido que confiança no Senhor da vida. Para o povo, que vivia nas trevas do exílio: "Coxos e cegos, mulheres grávidas e que desejam ver à luz" retornam à pátria, guiados por Deus, que cuida deles com cuidados de pai. (Jr 31,7-9) No Evangelho de Marcos , (Mc 10,46-52), Jesus dá a um cego a luz da visão e da fé. O núcleo central nos mostra que Jesus é o Senhor da vida e que a pior cegueira não é a física, mas sim “outras” que nos afastam do verdadeiro caminho da vida da comunidade, da família, de irmãos e até mesmo de nós mesmos. Os apóstolos estavam "cegos" e necessitavam de "Luz". Aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a cruz. Perto de Jericó, um cego, sentado "à beira da estrada", Informou-se de que Jesus estava passando e gritou por socorro: "Filho de Davi, tem piedade de mim". ("Filho de Davi": título messiânico). Porém muitos o mandavam calar-se, pois não queriam que o mesmo fosse reconhecido e CRISTO parou e chamou-o. O cego jogou longe o manto e as moedas, e "saltou" ao encontro de Jesus. Cristo tomou a iniciativa: "O que você está querendo?" - "Mestre, eu quero ver de novo", respondeu o cego. E Jesus afirmou: "Vai, a tua fé te salvou". E o cego, duplamente "iluminado" por Cristo, Tornou-se um seguidor de Jesus no caminho a Jerusalém. Hoje nos encontramos à beira do caminho da vida à procura de uma luz no fundo do túnel, Jesus passa continuamente à beira da nossa vida, todavia há muitas pessoas que não querem que a verdade apareça e ficam mandando-nos a calar a boca, dizendo que não podemos nos manifestar, pois não temos voz e nem vez. É preciso ter a coragem do “cego“ de transpor esta barreira e soltar o grito de liberdade por um mundo melhor, mais justo e fraterno, por uma politica mais honesta e sincera, por uma dignidade de vida mais humana e fraterna. JESUS se manifesta, passando pelo caminho do cego. O CEGO não vê, mas percebe a presença do Senhor e acolhe o convite. Trava-se o diálogo. O cego recebe a visão da fé e segue Jesus pelo caminho até o Calvário. Um cego, à beira do caminho, marginalizado como tantos ainda hoje. O encontro aconteceu "ao longo do CAMINHO". O cego não estava do verdadeiro caminho, da vida, da sociedade. Faz-se necessário dar “um grande grito de liberdade” para que possamos entrar no caminho da vida nova, caminho este, apresentado por Jesus. Caminho este de Cruz. A Cura de “Bartimeu” é mais do que a história de um cego... É o caminho da FÉ, dos que querem VER e SEGUIR Jesus. Para tanto se faz necessário: Está atento à passagem de Cristo; Tomar consciência da situação e decidir sair dela, mudar de vida; Supera o medo, a vergonha, começar a gritar, não ter medo de pedir ajuda; Não desanimar diante das contrariedades; continuar procurando a Luz, mesmo quando o povo manda que se cale. E quando Jesus passar e o chamar, ter a coragem de dar um pulo, joga o manto para longe e corre ao encontro daquele que nos pode restituir a vista. Ter a coragem de sair da margem do caminho e se por no caminho com o Mestre. Para o pobre mendigo, o manto era a sua riqueza, a sua casa, o seu abrigo. Quais são os obstáculos que impedem de tanta gente, que quer enxergar, de se aproximar mais da verdade Cristo e de sua Igreja? A cegueira que nos envolve nos dias de hoje, não é tanto a cegueira física, a cegueira de não distinguir as cores e os lugares, mas sim a cegueira que nos afasta da verdade e da Justiça e nos torna escravos das próprias artimanhas quer somente deseja a destruição das crianças, da juventude, dos idosos, do ser humano e consequentemente da própria vida. Esta cegueira nos torna escravos de nossa
própria realidade. É preciso ter coragem de ultrapassar a barreira que que desejam nos calar e darmos o grito da liberdade, enfrentando as dificuldades e procurar tornar este mundo mais humano e fraterno. É Jesus que vem á deriva do mundo á nossa procura, precisamos ter a coragem de vencer as barreiras e darmos o nosso grito de liberdade. Façamos nossa, a oração do cego: "Mestre, eu quero ver!…"
Pe. Antonio Carlos Gerolomo Também é colunista do site www.click3.com.br